Bom, depois de um tempo sem escrever, nada mais justo que um post meio (bastante) longo.
A história começa mais ou menos umas três ou quatro semanas atrás. Eu participo de várias listas de discussão eletrônicas, entre elas uma ligada à análises de geoprocessamento com uso de estatística. Tem um membro dessa lista (e de outras), chamado roger Bivand, que sempre responde minhas dúvidas (e de muita gente), já tem uns três anos. Bom, acontece que eu mandei um email pra lista, e atualmente meu email tem a linha "Visiting Researcher at Kingston University London - UK" na assinatura. O Roger viu no meu email que eu estou em Londres e me mandou uma mensagem dizendo que ele iria dar um mini-curso de estatística espacial no Imperial College, no final de agosto, e mesmo que o conteúdo do curso não seria de muita novidade pra mim, seria uma boa oprtunidade da gente se conhecer pessoalmente. Então entrei em contato com o organizador do curso, e pronto. O curso foi interessante, mas muito denso, portanto cansativo. No final do dia, eu ia simplesmente cumprimentar o Roger e ir embora, quando ele perguntou se eu poderia ficar um pouco mais, já que ele e o Virgílio (que organizou o curso) iam tomar uma cerveja, jantar e tal, e seria a chance de poder conversar, o que não tinha acontecido durante o dia. Fomos, e quase na hora de ir embora mesmo, ele lembrou de uma conferência que ia acontecer na Áustria, e disse que meu trabalho seria bem aceito, mas eu disse que tinha o problema da taxa de inscrição e hotel, já que a bolsa PDEE da CAPES não paga participação em eventos, apesar que deveria. Ele disse que achava que não teria problema, que a organização do evento talvez se dispusesse a bancar meus gastos, que já haviam feito isso anteriormente (com o Virgílio) . Nos dias seguintes estramos em contato com o prof. Jurgen Piltz da universidade de Klagenfurt, e ele prontamente se dispôs a bancar meu hotel e me liberar da taxa de inscrição! Só tive que pagar o avião e meus gastos durante o evento. Achei um vôo baratinho da RyaAir, por 50 libras ida e volta, Londres-Klagenfurt, beleza!
Então no sábado, dia 22, embarquei no aeroporto de Stansted com destino a Klagenfurt. Um vôo de menos de duas horas, tranquilo mas sem mordomia: todas as bebidas e comidas do vôo são vendidas, e nem é muito barato.
chegada no aeroporto
Cheguei na Austria no final da tarde, só que eu não tinha nenhum Euro comigo. Eu tinha levado uns dólares que eu não tinha trocado quando cheguei na Inglaterra, mas não fiz câmbio antes de embarcar porque teria que trocar o dinheiro duas vezes, uma por Libras e depois por Euros, então a mocinha da casa de câmbio me disse pra trocar quando chegasse no meu destino, e eu pensei "é mesmo". Pra que.. Acontece que na Áustria só se faz câmbio no banco, e como era sábado, não tinha nenhum banco aberto! Só na segunda-feira! E aí? Bom, consegui trocar 20 libras que eu tinha por Euros com um das mocinhas da RyanAir, que seria o suficiente pra pegar um táxi até o albergue onde ficaria hospedado e lá eu tentaria trocar os dólares. Achei um taxista que falava inglês e fui até o albergue. Lá, depois de deixar minhas coisas no quarto, fui até a recepção pra ver se trocava os dólares, mas a mocinha da recepção não estava muito receptiva. Claro que a essas alturas eu estava me xingando internamente por não ter continuado com as aulas de alemão, o que iria facilitar - e muito - minha vida. Pra minha felicidade, uma senhora que estava no albergue me ajudou a convercer a gerente do albergue, que fez o seguinte: ela ficou com 100 dólares meus e me emprestou 100 euros, na condição que na segunda-feira eu trocasse meus dólares restantes por euros, e devolvesse os 100 euros dela, e ela iria me devolver meus 100 dólares.
Agora sim, "munido" de dinheiro, fui dar uma volta pra ver se encontrava algum lugar pra jantar e provar a famosa cerveja Austríaca. Como era sábado, não tinha muita opção, quase tudo estava fechado, mas dei sorte e encontrei um pub aberto quase na frente do albergue. Nessas horas deu saudades da Inglaterra, onde tem pub aberto a praticamente qualquer horário. Quase ao lado do pub tinha uma pizzaria, mas pensei "pizza? estou na Áustria! vou é no pub!".. Bom, fui no pub e perguntei se eles faziam comida. O rapaz que me atendeu disse que sim, que ele poderia fazer uma pizza! PQP! Já estava no pub mesmo, pensei "que seja, pelo menos aqui eu posso provar uns cinco tipos diferentes de cerveja..". Pedi a pizza e perguntei qual das cervejas ele me recomendava, e ele disse "bom, normalmente eu recomendo esta daqui, mas só tem dessa outra, então não tem muita opção".. Resultado, uma pizza de supermercado (levemente queimada) de janta e duas canecas de cerveja (que era boa, pelo menos). Mas antes de dormir ainda pensei "amanhã vou até o centro da cidade e lá eu encontro alguma comida típica e outras cervejas.." Tá.
Acontece que o "amanhã" era domingo, e se no sábado quase tudo estava fechado, imagina no domingo!
Antes de ir pro centro fui dar uma volta nas proximidades do albergue, que fica perto de um lago bem grande (Wörtersee), e perto de um parque de miniaturas, com réplicas de estruturas famosas, como a Torre Eiffel, Casa Branca, etc.. Depois pasei por um parque bem interessante, com várias esculturas espalhadas pelos caminhos.
Wörtersee
No final do parque encontrei até uma área que, a princípio, achei que fosse mais uma escultura abstrata, mas olhando as plaquinhas com mais cuidado, vi que não era o nome de uma escultura que estava escrito, mas sim o nome da rocha! Diversão garantida pra qualquer geólogo! Vários tipos de rocha (provavelmente da região), todos com nome. Um barato.
"marcas onduladas na marga"
Depois fui andando até o centro (dá uns três km do albergue), pra encontrar uma cidade quase deserta, tudo fechado, a praça central, que tem o símbolo da cidade, estava sendo reformada.. tive que procurar bastante pra achar, o quê? O inescapável McDonald's!! Aaaarrrggghhh! O negócio foi voltar pro albergue no fim da tarde, rever a apresentação do trabalho e dormir cedo, fazer o quê?
esse dragão é o símbolo da cidade, mas só dava pra ver de longe,já que a praça está sendo reformada
fontezinha
Na segunda-feira começou a conferência. É um evento pequeno (por ser bastante especializad0), com cerca de 30 participantes (e só DUAS mulheres!! sacanagem! pra piorar uma estava com o namorado e a outra é casada! maldade!). Apresentei o trabalho logo pela manhã, o que é bom, porque quando isso acontece a gente pode passar o resto do evento mais tranquilo, sem se preocupar muito, e dá pra aproveitar mais. O trabalho foi bem recebido, teve uma boa discussão depois da apresentação, com boas sugestões dos participantes.
Como de praxe, no final do dia tem sempre um coquetelzinho, e é a melhor hora pra conhecer as pessoas. Fiz amizade com um povo da Holanda, ou melhor de um instituto de pesquisas da Holanda, já que eram dois Holandeses, uma Canadense (a casada), um Francês (completamente doido) e gente de sei lá mais onde.
Na terça-feira, tivemos as apresentações de trabalhos pela manhã e à tarde fomos fazer uma caminhada, visitar umas ruínas romanas na região, e depois um excelente jantar em um restaurante no alto de um pico (Magdalenberg), com direito à apresentação de danças típicas, comidas típicas, bebidas típicas e ressaca típica.
ruínas
o cogú no meio do caminho
pôr do sol visto de Magdalensberg
danças típicas
Na quarta-feira, depois do final da conferência, juntamos um povo e fomos jantar em um restaurante que o Hannes Müller (pós-doc de Klagenfurt) sugeriu. Logo que saímos da universidade começou a chover, e nós íamos de ônibus até o centro da cidade, depois ainda tínhamos que andar uns 500-700 metros até o restaurante, o suficiente pra todo mundo chegar no restaurante razoavelmente molhado (o que aumenta o consumo de cerveja/vinho). Entre os momentos memoráveis, estava Olivier, o francês doido, que apresentou seu trabalho na quarta à tarde, portanto passou a conferência toda meio nervoso, trabalhando até tarde da noita na apresentação e tal. Como sempre nessas situações, à noite ele estava bastante relaxado, bebeu um monte de vinho e deu um show à parte, dançando na mesa e tentando se dar bem com uma das meninas da mesa ao lado.
à esquerda, Hannes Müller, no meio Paul Hiemstra, e o da direita eu não lembro
à esquerda, Olivier, no centro Didier (outro francês pirado) e à direita Stephanie (a canadense casada)
bebe...
Na quinta-feira, hora de voltar. No final, levei mais tempo pra ir do aeroporto (Stansted) até Kingston (quase 2 horas e meia), do que Stansted-Kalgenfurt (1 hora e 40). O tempo estava meio encoberto, mas deu até pra ter uma vista rápida dos Alpes.
Quem quiser ver mais fotos, tem várias no Picasa Web Album.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
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Klagenfurt, Austria |
domingo, 2 de setembro de 2007
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Cambridge |
No meio de agosto, resolvi ir a Cambridge. Apesar de minha cunhada favorita ter me passado intruções detalhadas de como ir e do que fazer em Oxford, Cambridge sempre me chamou mais a atenção.
O trem Cambridge Express sai de Kings Cross, de onde também se pode tentar embarcar no Hogwarts Express, na plataforma 9 e 3/4, mas isso não é pra qualquer um.
Esse aí ficou no meio do caminho.
Bom, chegando lá, como de costume, desencanei de qualquer guia turístico, comprei um mapa e saí andando pela cidade. Não sei bem se foi porque era sábado, se porque as aulas ainda não haviam começado, ou se porque foi um dia excepcionalmente bom, com muito sol e sem nenhuma nuvem no céu, depois de quase duas semanas de frio e chuva, mas a cidade estava abarrotada de turistas. Nem precisa pagar um guia, é só ficar meio perto de um grupo na hora das explicações. Meio mundo faz isso, dá pra perceber na hora.
A arquitetura é estupidamente bonita. Chega a ser até sacanagem. A cada esquina, uma escola que foi fundada no século XIII, e onde estudaram alguns dos maiores nomes da ciência. Você vira uma esquina e tem uma placa dizendo "neste prédio foi descoberto o elétron", e assim por diante.
Não dá pra negar a influência da Igreja. Cada uma das escolas (Colleges) é famosa por sua capela, com vitrais impressionantes, e uma riqueza de detalhes que chega a ser opressiva. Enquanto a maioria das pessoas (eu acho) acham tudo isso maravilhoso, eu fico pensando: "pra quê?" Por quê construir prédios tão grandes, com pé direito de dezenas de metros? Com tantos detalhes, com tantos adornos? Se é que deus existe mesmo, e se ele for tão humilde quanto a igreja católica diz que devemos ser, será que ele não se contentaria com algo mais simples? Será que o clero não deveria por em prática um pouco da humildade que eles ensinam?
Kings College
Interior da King's Chappel
Infelizmente não consegui visitar as duas escolas que mais me interessavam. Christ College, onde Darwin estudou, e Trinity College, onde Newton estudou, estavam fechadas ao público.
No fim da tarde, uma boa surpresa, os alunos de artes da "ECA-Cambridge" estavam apresentando um festival de peças de Sheakspeare. Naquele dia seria "A Lover's Tale". A peça foi apresentada no gramado, com uma cordinha delimitando o "palco", tal como poderia ter ocorrido nos tempos do velho William.
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GBBF |
Apesar de agosto ter sido um período de inatividade blogística (santo neologismo, Batman), isso não significa que nada aconteceu. Para que não passe em branco, relatarei brevemente os fatos principais.
No dia 11, foi o último dia do trigésimo GBBF - Great British Beer Festival. Como dia 12 é meu aniversário, resolvi juntar as coisas. Entrei em contato com o Cintra, amigo velho de Sorocaba que estava morando em Londres (agora em Barcelona) e marcamos de tomar uns pints no GBBF.
O Reino Unido produz mais de 400 tipos de cerveja, e em um festival do porte do GBBF, opção é o que não falta. Nem vagabundo pra tomar tudo isso.
Auto-foto. Saiu boa, considerando que a gente já estava lá (tomando) há um tempo.
Depois da cerveja da tarde, fomos dar umas voltas no centro de Londres, tomar mais umazinha em algum pub mais badalado e apreciar de leve a noite londrina.
London Eye e Casas do Parlamento.